A grande e imponente cidade de Chichén Itzá foi uma das últimas cidades do mundo maia, assumindo o papel de cidade dominante, entre os anos de 1000 e 1200 d.C..
O seu rápido desenvolvimento teve origem na chegada dos povos toltecas vindos do norte - Império dos Maias-Toltecas, recebendo também influência arquitetónica dos Itzá (grupo de maias originários de Tabasco).
Chichén Itzá decai em 1200 d.C., sendo conquistada pela cidade vizinha Mayapán, que exerce a sua hegemonia até ao ano de 1250 d.C. - data do declínio definitivo do Império Maia.
A cidade pré-hispânica de Chichén Itzá é hoje considerada uma das sete maravilhas do mundo
moderno, com os atributos: adoração e conhecimento.
Apesar da grandiosidade, beleza e do seu nível cultural extremamente elevado, tratava-se de uma sociedade guerreira, com rituais bastante cruéis.
A pirâmide de
Kukulkán foi construída no ano de 800 d.C., com 24 metros de altura. A sua estrutura em pedra apresenta quatro lados, com quatro escadarias. Cada uma dessas escadas tem
91 degraus, acrescendo-se ainda o templo do topo, que perfaz 365 unidades. Este
número representava os dias do Haab, um dos três calendários que os maias
consideravam necessários saber, para se prosperar e florescer na terra.
Para além dos dias, o templo representa os 18 meses do ano solar maia. Cada pirâmide apresenta nove patamares de cada lado da escadaria.
Para além dos dias, o templo representa os 18 meses do ano solar maia. Cada pirâmide apresenta nove patamares de cada lado da escadaria.
Este majestoso edifício é também um calendário solar. Durante os dias do equinócio solar da primavera e do outono (20 de março e 22 de setembro), o contraste de luz e sombra transforma toda a escadaria do templo no corpo de uma serpente, cuja cabeça está representada em pedra, na base da escada.
Segundo consta, os maias acreditavam ser o espírito de Kukulkán, que fertilizaria o solo para mais um ciclo da agricultura.
Quando se bate palmas de frente para a escadaria de kukulcán - serpente emplumada (serpente com penas de quetzal), o eco ressoa o som do pássaro quetzal, que significava a força criadora.
Este momento doce transforma-se num encontro mágico com uma ave, que não se vê, mas que tão bem se reconhece pela sonoridade. E depois pensar na palavra fascínio.
No Tzompantli (muro de caveiras sorridentes), eram pendurados e expostos à vista os crânios dos inimigos assassinados ou das pessoas sacrificadas. Na altura, sobre esta plataforma de pedra deveria assentar um estrado de madeira.
[Chac Mool]
Havia ainda o Chac Mool (altar antropomorfo em pedra com a taça sacrificial) sobre o qual eram colocados os corações ainda palpitantes das vitimas sacrificadas, como oferenda para os deuses. É possível encontrar um dos Chac Mool existentes em Chichén Itzá à entrada do Templo dos Guerreiros.
[El Caracol/ Caracol]
Sobre o Caracol (nome atribuído por dispor de escadaria interior em caracol/espiral), defende-se duas teorias:
Alguns estudiosos consideram-no como um templo dedicado ao culto a Kukulkán.
Outros consideram-no um grande observatório astronómico.
Esta segunda teoria parece ser a mais correta, pois os maias tinham um altíssimo nível de conhecimentos astronómicos. Além disso, os três corredores que conduzem ao Caracol encontram-se alinhados com os pontos onde Vénus aparece como Estrela da Tarde durante os 584 dias do planeta, incluindo os locais mais setentrionais e mais meridionais onde ele se põe.
[Juego de Pelota/ Campo do Jogo da Bola]
O juego de pelota (jogo da bola) exigia uma grande
preparação física por parte dos jogadores e equipamento de proteção adequado, porque era jogado com o corpo, nomeadamente com as ancas, cotovelos e joelhos (os pés e as mãos
não podiam tocar na bola).
Como se pode observar na fotografia, existem duas argolas em
pedra penduradas nas partes laterais do campo por onde teria de passar uma bola pesada de borracha (sim, já havia borracha) do tamanho de uma cabeça humana (certamente, uma difícil tarefa para os jogadores).
Segundo informações da população local,
no final do jogo, os jogadores que perdiam ou que ganhavam (não há certeza sobre isso) eram sacrificados aos deuses (nessa época, o sacrifício humano era culturalmente aceite pelo povo). O sacrifício realizado após o desfecho do jogo consistia na decapitação e exposição dos crânios dos jogadores no Tzompantli (muro de caveiras).
O campo do jogo da bola, em Chichén Itzá, é, até à data, o maior recinto desportivo maia encontrado na mesoamérica.
[Templode Jaguar]
[Iglesia e Las Mojas/ Igreja e Convento de Freiras]
[Estilo arquitetónico "Chenes", construído entre 600 a 900 d.C.]
[Estilo arquitetónico "Chenes", construído entre 600 a 900 d.C.]
Incrédulo/a? Eu explico.
No tempo dos maias não havia freiras ;-). Este nome foi atribuído pelos espanhóis, devido à semelhança das pequenas divisões interiores do edifício com um convento de freiras.
Ainda que não tenha recolhido imagens fotográficas "in loco" de todos os locais da esplendorosa cidade de Chichén Itzá, não poderia deixar de mostrar o Cenote Sagrado ou Sacro Cenote e seu cerimonial caminho (este cenote foi local de peregrinação, mesmo depois da queda de Chichén Itzá).
O Cenote Sagrado trata-se de um amplo poço natural, com cerca de 20 metros de profundidade, que, além de fornecer água ao povo, era o local onde eram atirados os jovens (indiferentemente, rapazes e raparigas) e adultos (principalmente, do sexo masculino), para as divindades se tornarem propícias. Além dos sacrifícios humanos, este cenote era ofertado com valiosas prendas de jade, ouro, cobre, liga de zinco, obsidiana, quartzo, casca, madeira, borracha, copal, cerâmica e têxteis, revestidos em forma de objetos, como colares, máscaras, pendentes, entre outros.
[Grupo de Viagem]
Por estas paragens, havia adultos e algumas crianças a vender objetos tradicionais aos turistas. Já o preço era negociável (ao que parece, esta prática era frequente entre os vendedores de rua, e, apercebendo-me disso, negociei bastante com os afáveis vendedores). A origem e simpatia dos compradores também tem alguma influência na negociação (os mexicanos gostam dos portugueses). ;-)
Ainda penso no lenço que não comprei às meninas, mas já tinha comprado o tunkul maya aos meninos...
Não sei até que ponto será legal comprar a crianças que ajudam os pais no trabalho (os pais vendiam em locais fixos, nas imediações). Se pensasse muito sobre isso, comprar ou não comprar seria um eterno dilema (por um lado, comprar fomenta a continuidade desta prática; por outro, não comprar contribuí para a fome destas crianças), mas, certamente, é revelador de pobreza.
E depois foi só tocar ao ritmo do ambiente "tunkul, tunkul, tunkul", apelando aos deuses.
Seguindo a expressão "em Roma sê romana", no México, só queria ser indígena mexicana.
Chichén Itzá, que significa "Abrir os Poços de Itzá", alude aos dois poços naturais que esta cidade maia possuí (Cenote Sagrado e Cenote Xtoloc).
Vídeos de Apoio:
Fontes Escritas de Apoio:
"Escrita
Maia – Retrato de uma Civilização Através dos seus Sinais" da autora Maria
Longhena, 2012.
“Os Maias - A Vida, O Mito e a Arte" – Colecção Culturas e Civilizações, por Timothy Laughton, Circulo de Leitores, 2006.
"México: Guia American Express" da autoria de Nick Caistor.
“Os Maias - A Vida, O Mito e a Arte" – Colecção Culturas e Civilizações, por Timothy Laughton, Circulo de Leitores, 2006.
"México: Guia American Express" da autoria de Nick Caistor.
Fotografias:
Algumas das fotografias apresentadas foram gentilmente cedidas pelo grupo de viagem; outras são da minha autoria.